quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Cordel da memória

Ei, você, preste muita atenção:
Pois agora vou lhe dizer
Como em minha vida
Entrou das histórias a contação.

Meu pai, nordestino de nascimento
Muitas e muitas noites
Com versos de cordel
Fazia meu divertimento

Eram histórias fascinantes
De trancoso dizia ele ,
De mulheres tão arretadas
Que no diabo davam até nó
De homens tão espertos
Que aos que enganavam
Só restava a dó.

E as histórias ficaram
Durante algum tempo
Em mim caladas,
Até que alguém me disse:
Ei, acorda, história é pra ser contada!

E descobri em mim então
Um bicho que não se cala
Que entra por uma porta
E sai por outra
E se mostra pela fala.

E agora de conto em conto
Vivo aumentando um ponto
E se mais você quiser saber?
Deixa que depois eu te conto...


Ana Cunha

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